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Esquerda vence na Espanha; ultradireita se torna 3ª força

Por Terra 11/11/2019 - 09:05

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O Partido Socialista (PSOE), do atual primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, voltou a vencer as eleições espanholas neste domingo, 10. Com 100% das urnas apuradas, a legenda conquistou ao todo 120 cadeiras (de um total de 350) no Congresso. O Podemos, de Pablo Iglesias, chegou a 35. O estreante Más País, do jovem Íñigo Errejón, alcançou 3. Juntas, as legendas de esquerda somam 158 deputados, não atingindo assim a maioria absoluta, que seria de 176.

Desta forma, o bloqueio político permanecerá na Espanha e Sánchez vai precisar do apoio dos partidos menores para conseguir governar. O bloco da esquerda, no entanto, segue ganhando do da direita, que fica mais distante do governo: Partido Popular (87), Vox (52) e Ciudadanos (10). As três legendas, no total, têm 149 assentos. O resultado consolida os ultradireitistas do Vox como terceira força política do país. No pleito de 28 de abril, eles haviam conquistado 24 cadeiras. O partido, portanto, conseguiu agora 28 deputados a mais.

Na sede do Vox, na região central de Madri, o clima era de festa. Fogos de artifício e bandeiras espanholas ditavam o tom da vitória. "Vamos esmagar a esquerda e colocar Quim Torra (líder catalão) na cadeia", diziam alguns militantes. Com gritos ensurdecedores de "Viva a Espanha" e "Espanha unida jamais será vencida", não demorou muito para que Santiago Abascal, líder do partido, fizesse um discurso contundente. "Há 11 meses não tínhamos representação nacional e hoje somos a terceira força política da Espanha. Nós representamos agora os espanhóis que antes não se sentiam representados. Temos um Congresso mais plural. A esquerda não possui nenhuma superioridade intelectual. Viva a Espanha unida!", disse.

Em comparação ao último pleito, o PSOE perdeu três cadeiras no Parlamento. Mesmo com a vitória, o ambiente em frente à sede do partido era de derrota. Muitos militantes não conseguiam esconder o descontentamento em relação ao resultado. Sánchez propôs o diálogo com outros partidos para desbloquear a situação política na Espanha.

"Os socialistas ganharam pela terceira vez as eleições nacionais. Obrigado a todos os espanhóis que votaram no PSOE. Nosso projeto político, no entanto, não é ganhar eleições, mas governar. Convoco, portanto, a todos os partidos que atuem com responsabilidade para desbloquear a situação política deste país. Essa convocatória é válida para todos, menos àqueles que fomentam o ódio com intolerâncias de todos os tios", afirmou Sánchez.

Albert Rivera, do Ciudadanos, foi o maior derrotado das eleições. O político, que perdeu ao todo 47 cadeiras, reconheceu o resultado ruim. "Na segunda-feira, 11, teremos uma reunião geral com os integrantes do partido. Eu me tornei político porque amo a Espanha e, acima de tudo, sou democrático. Minha forma de entender a política é por intermédio dos bons e dos maus momentos. O povo espanhol quis dar mais uma chance a Sánchez e optou pela extrema direita e eu preciso respeitar isso", declarou.

Depois do resultado inexpressivo do último pleito de abril, quando elegeu apenas 66 deputados, o Partido Popular (PP), de Pedro Casado, conseguiu se recuperar, chegando a 87 políticos eleitos. "Nosso partido teve um bom resultado, mas a Espanha, não. Sánchez foi irresponsável ao convocar eleições e perdeu seu referendo. O Partido Socialista deve repensar o futuro. Não é justo que todo um povo esteja à mercê dos interesses do PSOE. Seremos exigentes, mantendo nossos interesses e objetivos durante toda a campanha. Exerceremos nossa responsabilidade como oposição", explicou Casado.

Com o resultado das eleições deste domingo, 10, o bloqueio político deve permanecer na Espanha. A única solução seria um acordo entre PSOE e PP. "Seria um governo de abstenção e não de coligação. Casado pode ceder em troca de políticas mais duras contra a independência da Catalunha, que é uma das principais bandeiras do partido. O ato evitaria mais uma eleição e ambos estariam mais abertos a debater temas importantes, como a desaceleração econômica", defende o professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Nacional de Madri, Jaime Pastor Verdú.

Outra possibilidade é um pacto entre a esquerda e os partidos independentistas, estratégia que não teve êxito nas eleições de 28 de abril. Depois de meses de negociações, Pedro Sánchez e Pablo Iglesias não chegaram a um acordo e mais uma eleição foi convocada.


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